sexta-feira, 27 de julho de 2012

Bastidores do Primeira Palavra

Essa história nasceu quase que irmã de Cadê o Juízo do Menino?, em setembro de 2008. Naquele tempo, eu a chamei de As Meninas, o Gato, o Gigante e o Livro. Já estava todo ali, o enredo. Mas eu ainda, novato na profissão, temia pela rejeição do texto e, em vez de uma, criei duas meninas, para que uma pudesse ser salva pela outra. Deixei o texto ali, adormecido. Alguns meses depois, perdi o medo e a culpa, assumindo o texto conforme eu o havia pensado originalmente, mas sem o ter escrito ainda. Agora, apenas uma menina e mais emoções. Fui para o computador e o deixei pronto, rebatizado como A Primeira Palavra.

Feito isso, fui à luta: mostrei a uma editora que não o desejou naquele momento. Apresentei a outras pessoas queridas do meio editorial que sequer me deram um “oi” (e eu fui aprendendo que isso é mais comum do que eu pensava). Li para alguns amigos que se emocionaram mas, confessadamente, não viram naquele projeto um livro ilustrado. Meio que achando ser esse um texto impublicável, apresentei a uma querida amiga como quem deixa o filho na casa da avó durante as férias de final de ano. Ele, o texto, brincou por ali, enquanto fui publicando livros por aqui, até que, assim como um filho querido, o texto voltou aos meus braços após longas férias.

Foi assim, de volta aos meus braços, que ele se apresentou bonito e maduro, ao lado de muita gente que admiro, no livro CUENTOS INFANTILES BRASILEÑOS, uma antologia de autores de LIJ, compilada por Glória Valadares e Ninfa Parreiras, publicado originalmente em castelhano, pela Embaixada Brasileira na Costa Rica, no final de 2011. Porém, meses antes dele ser publicado nessa antologia, eu o apresentei para a Lourdinha, editora da Abacatte, que acabava de me presentear com o Quem Quer Brincar Comigo? no Salão do Livro Infantil de Minas Gerais. Ela disse que levou para casa, e, antes de dormir mergulhou na emoção daquela menina que não sabia ler, mas adorava livros.
 

Entre essa leitura e o nosso contrato, um pequeno hiato. Tempo suficiente para que eu apresentasse o texto, meio que de forma instintiva, para quem eu gostaria que o ilustrasse: Elvira Vigna. Eu a conheci primeiro nos livros ilustrados em que ela emprestou sua arte. Depois fomos trocando impressões por emails. Uma noite, nos encontramos rapidamente em Brasília e eu a achei ainda mais interessante. Um dia tomei coragem e mandei minha menina fazer uma visita aos olhos de Elvira e logo depois, tive a certeza que, fosse qual o editor a apostar nessa ideia, eu pediria que fosse Elvira minha parceira nesse projeto.


Agora ele está aqui. Repousa na mesa de trabalho enquanto escrevo. A Abacatte e Elvira Vigna deram a ele cor e forma de um jeito ímpar e o (livro) Primeira Palavra (que perdeu o “a” no meio do caminho) tem emocionado muitos leitores daqui e alhures. Um projeto ousado, forte, intenso. Belo. Obrigado. Espero, do fundo do coração, que ele faça muitos amigos, agora que está solto no mundo. Hakuna Matata!!!

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