Papo Pá pum... com Tino Pum Freitas!!!
Sim, entendi que é um Papo Pá Pum... mas, naturalmente eu
respondi com uns Puns a mais. Então seguem abaixo minhas respostas para o Papo
pá pum pum pum pum... com essa turma do Garatujas Fantásticas. Hakuna Matata!!!
1) Você é autor, ilustrador, escritor, artista ou o quê?
Meu release diz: escritor, músico, jornalista, medirador de
leitura... Mas isso é porque a mídia sempre pede rótulos. Na verdade, a palavra
“artista” compõe melhor meu eu coletivo. Geralmente sou plural enquanto
escrevo: penso no formato do livro, quantas páginas, imagino a ilustração (e
vou pensando quem poderia ilustrar melhor aquela ideia). Quando pensei num
projeto de um jeito tão já pronto, fechadinho, achei que se tivesse um
ilustrador como parceiro eu não daria a ele a liberdade necessária e seria
muito, muito chato. No mínimo, perderia um amigo. Por isso me arrisquei na
ilustração e fiz um trabalho gráfico, vetorial, para os 3 livros da coleção Na
Ponta do Dedo, da editora Callis.
2) Como é o lugar onde você trabalha? Não esqueça de detalhar sua mesa.
Na maioria das vezes que nasce uma ideia, estou fora de casa.
Meu lugar é qualquer lugar, desde que haja caneta e papel. O Controle Remoto,
por exemplo, nasceu numa mesa de um café. O rascunho foi escrito ali em três
guardanapos. Gosto de escrever à mão. Riscar o papel. Só depois me sento à mesa
e coloco tudo no computador. Essa “pós produção” é que acontece em casa. Tenho
um quarto/escritório com uma mesa em “L” com um iMac cercado de impressora,
scanner, porta cacarecos mágico cheio de canetas que não escrevem, uns bonecos
de tecido, Cds, livros, cadernos, blocos de notas e muita, muita bagunça. Gosto
da minha bagunça. Mesmo quando parece que ela vai me engolir (na verdade, gosto
mais dela nessas horas). O porta cacarecos é mágico porque tem o estranho poder
de fazer desaparecer tesouras, estiletes, borrachas e réguas exatamente quando
mais preciso. Mas é nesse “paraíso” que moldo as histórias que vocês encontram nos
livros.
3) Quais cores e técnicas são suas melhores amigas?
Gosto dos azuis... acho que é culpa dos Smurfs. E, na seara
visual, gráfica, só me imagino trabalhando com ilustração vetorial. Ou não.
4) Você gosta de brincar com as palavras?
Palavra também é brinquedo. Acredito nisso. E há tempos sigo
aprendendo a brincar. E convidando os leitores a brincar comigo. Atualmente
escrevo uma história de uma personagem que só aprendeu 4 letras: OBDC.
5) Por que seus livros carregam o selo de infantil, se eles fazem bem para todas as idades?
A gente escreve para sensibilizar a infância, não é mesmo?
Então a vantagem é que são livros que as crianças TAMBÉM podem ler e se
emocionar. Mas que os adultos – talvez por uma questão de educação (ou falta
de) – não se dão ao trabalho de conhecer de forma espontânea. No Brasil, eu
entendo que esse “rótulo” (literatura infantil) se deve muito a uma questão de
mercado. Mas há características intrínsecas como a questão da utilização da
imagem como parceira do texto no complemento da leitura; o uso de um texto que
alcance esse leitor em formação. Enfim, há um porquê. Mas acho que é mais pelo
“TAMBÉM” do que pelo “SOMENTE” para crianças.
6) Qual livro você gostava de ler quando criança?
A primeira lembrança que me vem à memória quando penso em
leitura são os gibis. Me tornei leitor por causa deles. Mas quando penso em
livros, lembro da coleção TABA (em que histórias de Joel Rufino dos Santos
(Marinho, o marinheiro), Sylvia Orthof (Dona Lua vai casar), Ruth Rocha (Bom
dia todas as cores), entre outros, vinham acompanhadas de um discquinho com a
narração dramatizada do texto e músicas da MPB). Outro livro que não esqueço é
uma adaptação da Record para A Pequena Vendedora de Fósforos, do Andersen.
7) Até cinco livros seus que você ama e uma obra de outro autor atual, que todo mundo deve conhecer.
Cadê o juízo do menino? (il. Mariana Massarani, Manati) –
meu livro favorito, seja por questões emocionais (foi o primeiro), seja porque
as crianças A-D-O-R-A-M as ações e rimas malucas e, claro, procurar os
parafusos ao final.
Quem quer brincar comigo? (il. Ivan Zigg, Abacatte) – meu
primeiro livro-objeto (em que o livro ajuda a contar a história). Aqui, as
dobras agem como uma porta que se abre e à medida que a página de agiganta as
visitas são maiores.
Os Três Porquinhos de Porcelana (il. Walther Moreira Santos,
Melhoramentos) – Já disse nessa entrevista que palavra também é brinquedo. É
nessa fábula moderna que eu mais exercito essa ideia.
O Livro dasBolhas de Sabão (Callis) – Mais um livro-objeto, dessa vez, inspiradíssimo no
Press Here, de Hervè Tullet (um cara que eu A-D-O-R-O). Para mostrar que
livro-interativo não é exclusividade para e-books e tablets.
Os Invisíveis (il. Renato Moriconi, Casa da Palara) – texto
e imagem lado a lado, dialogando com o leitor, tocando num tema sensível
(invisibilidade social) e a serviço da emoção. Porque a boa literatura TEM que
emocionar.
A bruxinha e o dragão (Jean-Claude R. Alphen) – Tenho
gostado mais e mais do trabalho do Jotacê. Nesse livro (um dos melhores
publicados em 2012) ele arrasa com seu humor fino tanto no texto, quanto nas
ilustrações. Biscoito fino.
8) Quando é melhor ler ou pintar?
Estou sempre lendo. Mesmo quando ilustro uma ideia. É melhor
ler o tempo todo. Pintar, gosto de pintar o sete quando estou com os leitores
contando histórias ou falando dos livros. Me divirto tanto – ou mais até – que
eles.
9) Se uma garatuja estivesse ao seu lado agora, o que você escreveria ou desenharia para ela?
Eu tenho mania de interferir nas coisas, de dar palpite. Uma
vontade natural de me juntar a. Naturalmente intrometido, sabe? Nesse caso, provavelmente
eu faria mais garatujas, para dialogar – ou tentar - com a original.
10) A propósito, o que é uma garatuja para você? E quatro garatujas fantásticas?
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