VAMOS PLANTAR?
A árvore do prazer de ler pode demorar a se desenvolver e brotar. Mas é certo que dela colheremos frutos saborosos!
É provável que você,
leitor, tenha desenvolvido uma intimidade com a leitura literária na escola ou
na sua casa. Ou em ambos. São esses os lugares onde as sementes da árvore do
prazer em ler (ações de incentivo à leitura) - mais florescem; e onde se é
possível ter mais adubo à disposição (livros) e ferramentas (gente próxima como
pais, irmãos, tios, amigos e professores) para plantar e regar esse saboroso
fruto (o leitor).
Poucas pessoas se apaixonam
pela leitura (e pela literatura) de forma autônoma, como um fruto que cai no
chão, espatifa-se e cuja semente brota pura e simplesmente pela intensa força
de vontade de se fazer viva. É raro, mas acontece.
Olhando de perto a nossa
realidade, muitas vezes não há sementes, ferramentas e adubos em casa, nem na
escola. E crianças tornam-se infrutíferas nessa seara.
Porém há outra forma de
cultivo que se desenvolve a passos lentos, porém largos, em nosso país: a
formação do leitor na comunidade.
Há, no Brasil, uma série de “especialistas” fora do lar, fora da
escola, longe da academia, que – de formas simples e distintas – tem ajudado a
formar leitores a partir de dois alicerces aparentemente ao alcance de todos
nós: compartilhando sua paixão (pela literatura e pelo ser humano), e
oferecendo o acesso ao livro.
A barracoteca de Otávio
Junior, no morro do alemão (RJ), a borrachalioteca, de Marco Túlio, em Sabará
(MG), o Jegue Livro, de Elza Maria, em Alto Alegre do Pindaré (MA) e ainda a
Bibliotoca do Roedores de Livros, coordenado por Ana Paula Bernardes, são
exemplos de trabalhos de incentivo à leitura que, de fato, formam leitores, e
que podem ser multiplicados. Não é fácil, mas é possível.
Para formar um acervo para
o tal “acesso ao livro” você pode planejar uma ação entre amigos, na escola do
seu filho, na lista de presentes do seu aniversário. Seja criativo e
persuasivo. E que modo mais simples de começar uma ação que carregar os livros
numa caixa e mediar a leitura numa praça da sua cidade?
De frente para os leitores,
mostre-se íntimo da história e leia-a. Esteja sempre com o livro na mão. Dessa
forma, os leitores verão com mais clareza que, embora você tenha vindo “de
longe”, a história a que você emprestou a voz com paixão, ritmo e fluidez saiu
de um livro.
Não esqueça do outro
alicerce: o afeto. Os leitores-ouvintes desejarão folhear o livro, para se
parecerem com você, descobrir o que há ali que tanto encantou a ti, da mesma
forma que a gente repete um gesto do pai ou da mãe, por admiração.
O bom mediador e seus
futuros leitores necessitam desse vínculo emocional como aqueles que
encontramos em casa ou na escola. E isso, no meio da comunidade, entre
desconhecidos, pode levar algum tempo. Assim como uma semente demora para se
desenvolver e brotar. Mas dessa árvore, saiba, é certo: colheremos frutos
saborosos. Vamos plantar?
TINO FREITAS é escritor e mediador de leitura do
projeto ROEDORES DE LIVROS.
Um comentário:
Oi Tino,
Sou o Jonas, foi eu quem fiz a ilustração.
Obrigado pelas palavras, parabéns também pleo texto, envolvente e de muita sabedoria.
Grande abraço
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